Última atualização em 27 de março de 2023
Segundo dados oficiais, o índice de cárie entre alunos de 12 anos matriculados na rede pública de Paulínia, em 1980, era estratosférico: 8,2 dentes, em média, cariados, restaurados ou perdidos, por criança. Uma verdadeira epidemia da doença crônica, infecciosa e que causa, entre outros problemas bucais, a destruição dos tecidos dentários.
Foi então que, naquele mesmo ano, nasceu a mais importante, eficiente e bem-sucedida política pública de saúde bucal da história de Paulínia: o Programa Integrado de Educação e Saúde Escolar (PIESE), que fez o índice de cárie nas escolas municipais despencar para 1,0 dente atacado, por aluno. “Sucesso inquestionável no que o Programa se propôs a fazer”, declarou, em 2019, o dentista concursado da Prefeitura de Paulínia (PMP) e atual secretário municipal de Saúde, Alexandre Brandt.
De 2009 para cá, entre indicações e requerimentos, a Câmara Municipal de Paulínia (CMP) registrou oito proposituras de parlamentares sugerindo ou cobrando do Poder Executivo a reativação do PIESE, que cuidou também da saúde ocular dos alunos do ensino fundamental da cidade, com a mesma eficiência. Entretanto, nenhuma delas foi atendida.
Pois bem. O programa que garantiu a saúde bucal e o sorriso de milhares de crianças em idade escolar, entre a década de 80 e o início dos anos 2000, é um dos marcos da trajetória profissional de sua criadora, a cirurgiã-dentista Sonia Prado de Oliveira, que está completando 81 anos hoje, 27 de março de 2023.
Formada em odontologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, pós-graduada em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP) e servidora aposentada da Prefeitura de Paulínia (PMP), Doutora Sonia, como ficou conhecida na cidade, é dona de uma daquelas histórias de vida que validam um dos mais acertados pensamentos da atualidade, sobre empoderamento feminino: “o lugar da mulher é onde ela quer estar”.
Nascida na intitulada capital nacional dos rodeios, Barretos (SP), ela migrou para Paulínia por volta de 1972, ano em que o segundo prefeito da cidade, Vicente Amatte, a convidou para duas importantes missões odontológicas: cuidar da saúde bucal dos alunos da Escola de 1º Grau da Rhodia, e atender emergências no Pronto Socorro Municipal (PSM). Ela cumpriu com maestria e, a partir daí, assumiu o pioneirismo feminino na cidade, profissional e politicamente falando.
Foi a primeira mulher eleita vereadora de Paulínia, em 1989, aos 47 anos, e até hoje é a única ex-parlamentar com três mandatos conquistados: 1989/1992, 1993/1996 e 2001/2004; a primeira Presidente da Casa de Leis, 1993 a 1994; a primeira Secretária de Saúde, 1994 a meados de 1997; e a primeira Vice-Prefeita da cidade, 1997 a 2000.
Doutora Sonia e o também ex-vereador Jurandir Bonomi, em 1996, no Ginásio do João Aranha, acompanhando a apuração dos votos que lhe deram o posto de 1ª Vice-Prefeita Municipal.
Foto: Jornal Notáveis de Know-How.
E mais: se em vez de vice, em 1996, tivesse concorrido à prefeita, teria sido, também, a primeira mulher no comando do Executivo Municipal. Ou seja, protagonismo político indiscutível.
Doutora Sonia e o também ex-vereador Jurandir Bonomi, em 1996, no Ginásio do João Aranha, acompanhando a apuração dos votos que lhe deram o posto de 1ª Vice-Prefeita Municipal.
Foto: Jornal Notáveis de Know-How.
E mais: se em vez de vice, em 1996, tivesse concorrido à prefeita, teria sido, também, a primeira mulher no comando do Executivo Municipal. Ou seja, protagonismo político indiscutível.
Logo no primeiro mandato legislativo, Doutora Sonia mergulhou de cabeça na defesa do direito à moradia, um dos mais importantes e fundamentais de natureza social, ao fundar o histórico “Movimento Sem-Teto” de Paulínia, precursor na luta por conjuntos habitacionais para famílias de baixa-renda do município.
Certo dia, ela pegou o carro e partiu rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo Paulista, em busca de recursos para construção de casas populares na cidade. A reunião com o então governador do Estado, Orestes Quércia, peemedebista como ela, resultou na liberação de uma verba para construir as primeiras unidades do Parque Jequitibás I, na região noroeste do município. Atualmente, mais de 190 famílias moram no bairro.
Parque Jequitibás I
Jardim Leonor
Parque Jequitibás I
Jardim Leonor
Ainda na mesma região, o Jardim Leonor é outro símbolo concreto do legado deixado pela ex-parlamentar, no que diz respeito à luta por moradia para quem precisa. Erguido durante o segundo mandato dela na Câmara (1993/1996), o bairro abrigou cerca de 80% das famílias cadastradas no Movimento Sem-Teto. No final de 2018, durante a gestão interina do atual prefeito Du Cazellato (PL), a Prefeitura de Paulínia (PMP) entregou aos 412 proprietários do Leonor o documento de regularização fundiária dos imóveis.
Reconhecimento
Dezoito anos depois de sair da cena política de Paulínia, Doutora Sonia foi oficialmente reconhecida “Cidadã Paulinense”, através de Decreto Legislativo, de autoria do vereador Pedro Bernarde (Cidadania), aprovado, por unanimidade, no último dia 21, durante sessão da Câmara Municipal (CMP).
Aposentadoria
Morando atualmente em Barão Geraldo, a filha do saudoso casal Alberto de Oliveira e Geny Prado de Oliveira, dedica a maior parte de seu tempo à família: dois filhos, Raquel e Rodrigo, e três netos.
Morando atualmente em Barão Geraldo, a filha do saudoso casal Alberto de Oliveira e Geny Prado de Oliveira, dedica a maior parte de seu tempo à família: dois filhos, Raquel e Rodrigo, e três netos.
Outra paixão da mulher que melhorou a vida de muitos paulinenses são as aves, especialmente as araras.
A vida social não é mais agitada como antes, porém, os divertidos encontros, passeios, almoços ou jantares com duas de suas melhores e mais antigas amigas, Célia Pedrozo e Zoraide Camargo, permanecem ativos.Mizael Marcelly
Fotos: Arquivo/Correio Imagem
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