Correio Paulinense

Paulínia, 6 de outubro de 2024
Segundo Moura, a vinda de “reais, dólares e euros” do cinema depende da produção local de filmes

Última atualização em 31 de julho de 2014

[imagem] Criador do projeto Magia do Cinema, o ex-prefeito Edson Moura (PMDB) discursou na abertura do VI Festival de Cinema de Paulínia, que terminou domingo (27), sobre as cifras milionárias que, segundo ele, a indústria cinematográfica pode gerar para o município, futuramente. Moura foi chamado ao palco pelo filho Edson Moura Junior (PMDB), atual prefeito da cidade, e juntos fizeram um jogo de “perguntas e respostas”, tudo combinado e ensaiado previamente.

Moura Junior (PMDB) perguntou ao pai por que ele idealizou o o Magia do Cinema, quais os benefícios do projeto para o povo paulinense, como isso vai gerar riquezas para o município e, como atrair produtores, diretores e artistas para Paulínia. Sobre o projeto Moura disse que mesmo antes de virar prefeito de Paulínia, em 1992, já planejava trazer a indústria cinematográfica para a cidade, porque, naquela época, já lia que o petróleo, principal fonte de receita do município, vai acabar. 
Em relação aos benefícios para a população paulinense, o ex-prefeito salientou que muita gente questiona o projeto sem conhecê-lo. “Cada filme tem seu orçamento. Os pequenos de R$ 5 a R$ 15 milhões, os médios de R$ 15 à 50 milhões e os de padrão internacional podem atingir até R$ 500 milhões. Tudo isso gasto em um único local, numa única região, significa divisas para esta região”,explicou Moura
Ao responder sobre como o projeto vai gerar riquezas para Paulínia, Moura enfatizou: “Quando o próprio governo municipal, os empresários e as pessoas daqui começarem a produzir seus próprios filmes. Começarem a fazer coisas com condições de serem exibidas, aí esse pessoal que está hoje aqui, as distribuidoras, poderão levar a matéria-prima para o mundo e aí virão os reais e espero os dólares e euros também”. A quarta e última resposta, sobre como o projeto vai atrair produtores, artistas e diretores para Paulínia, não foi captada inteiramente pelo nosso enviado à abertura do VI Paulínia Film Festival.
Custo/benefício
Estima-se que o projeto Magia do Cinema já consumiu mais de R$ 800 milhões dos cofres do município, desde a sua implantação em 2008. Somente na construção do polo cinematográfico foram gastos R$ 490 milhões. Dos seis festivais já realizados até agora o mais barato foi o do ano passado, que durou apenas quatro dias e custou R$ 3,5 milhões (R$ 840 mil por dia). As demais edições custaram, em média, R$ 10 milhões cada, aos contribuintes paulinenses.  
Este ano, o festival de cinema foi internacionalizado pela administração Moura Junior (PMDB), que recebeu no tapete vermelho do Theatro Municipal de Paulínia “Paulo Gracindo” estrelas do cinema mundial, como a britânica Jacqueline Bisset e os americanos Danny Glover e Michael Madsen, além de dezenas de celebridades nacionais, todas convidadas e com as despesas pagas (passagens aéreas, alimentação e traslados) pela Prefeitura.  Jornalistas de vários estados também viajam para Paulínia com tudo pago pelo município.
Somente o curador do festival Rubens Ewald Filho assinou um contrato de dois anos com a Prefeitura de Paulínia no valor total de R$ 360 mil, ou seja, R$ 15 mil por mês. Em fevereiro deste ano, a Secretaria de Cultura lançou dois editais no valor total de R$ 8,9 milhões para filmes. O bolo é dividido entre as produtoras de longas e curtas metragens e cada produção pode receber até R$ 1 milhão, além de usar gratuitamente a megaestrutura do polo cinematográfico. 
Como contrapartida, as produtoras dos filmes contemplados com dinheiro de Paulínia são obrigadas à gastarem metade do valor recebido em serviços da cidade. Entretanto, como Paulínia tem poucas ou quase nada de opções de serviços voltados para a indústria do cinema, as produtoras acabam gastando em outras cidades da região. A falta de mão de obra qualificada, mesmo após seis anos da implantação do Magia do Cinema, é outro problema. Geralmente, as produtoras trazem as suas próprias equipes e contratam poucas pessoas do município.
A cada ano, os custos milionários do projeto Magia do Cinema para o município ficam mais claros. Já os benefícios de todo esse investimento para a cidade nunca ficaram próximos disso. Até hoje, não existem dados oficiais sobre o impacto positivo do polo cinematográfico na economia local. Quantos empregos diretos e indiretos foram gerados pelo projeto, até hoje? Quanto os setores do comércio e prestação de serviços lucraram com os filmes que já foram rodadas no polo paulinense?  Quantos profissionais da área foram formados pelo polo e estão, efetivamente, vivendo de cinema? Qual a estimativa de tempo para Paulínia recuperar o dinheiro investido?  Perguntas que nem o criador do Magia do Cinema sabe responder. Enquanto isso, a cidade continua investindo pesado no “escurinho” do cinema.   

Foto: Reprodução/Internet

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