Correio Paulinense

Paulínia, 26 de julho de 2024
Quem é o senhor mesmo? Fui roceiro, sou mecânico, presidente da Câmara e ex-prefeito interino de Paulínia

Última atualização em 8 de setembro de 2019

Ninguém pode acusá-lo de não ter feito nada. Fez até mais do que muitos acreditavam que poderia ou teria capacidade de fazer. Ele conta que, no quarto dia como prefeito interino a pressão já era tão intensa que, em um dos raros momentos sozinho no gabinete, pediu a Deus e a Nossa Senhora Aparecida forças para suportar o que estava por vir, e sabedoria para conduzir o destino da cidade, enquanto no comando dela estivesse. 
A pressão dos adversários era grande, mas nada comparada a dos “aliados”, que tinham pressa por espaço e poder no governo, mesmo ele não tendo nem esquentado a cadeira ainda. “Aliados” desumanamente insensíveis à baita responsabilidade que pesava sobre os ombros de um homem, acusado injustamente de querer assumir um cargo ao qual não tinha direito. TINHA, SIM. “A chefia do Poder Executivo, pelo Presidente da Câmara de Vereadores, tem caráter transitório e impessoal. Eleito novo Presidente na Câmara Municipal, altera-se o responsável pelo Governo Local”, confirmou o Tribunal de Justiça de São Paulo, duas vezes (relembre). 
O ex-roceiro e mecânico, com muito orgulho, sofreu os mais perversos tipos de preconceito, sobretudo, pelo seu jeito simples de falar e vestir-se. Certa vez, uma autoridade policial observou sua indumentária. “Doutor, quem tem que andar de terno e gravata é o senhor. Eu vim da roça e sou um simples mecânico que está prefeito interino”, respondeu. 
  
E, foi de camisa polo e calça jeans que ele não se intimidou diante do desafio de gerir a gigantesca máquina pública municipal. Foi pra cima. Arregaçou as mangas. Escancarou as portas do gabinete, até então, sempre fechadas para o cidadão comum. Só tinha hora para chegar – era assim na roça, é assim na oficina mecânica, onde emprega mais de 80 pessoas, e não seria diferente na Prefeitura. 
Dialogou com todos que lhe procuraram. Andou por todos os setores que pôde e deu tempo. “Internou-se” por uma semana no hospital municipal (HMP) para conhecer as causas de tantos problemas e, assim, poder atacar precisamente as mais graves e urgentes. Concluiu que falta gestão, sim, na saúde pública municipal, mas que não é somente isso. Indiscutivelmente, a total falta de controle e fiscalização na aplicação dos recursos da saúde é a causa-chave de todos os problemas enfrentados pelo setor. Todos os prefeitos sabiam disso, mas pouco ou nada fizeram. Ele conseguiu fazer muito, em tão pouco tempo – só diz o contrário quem não quer ou não pode admitir isso.
Discriminado e atacado por “doutores” em administração pública, militantes de grupos adversários e até por “aliados” (pelas costas), ele não revidou nenhum dos inúmeros insultos que sofreu na interinidade. “Não gosto e nem tenho tempo para falar mal de ninguém. Querem falar de mim, que falem. Meu tempo é para trabalhar”, dizia ele.  E, não parou de trabalhar um minuto, nem mesmo depois de terminar em quarto lugar na disputa suplementar.
De um coração que não cabe no peito, confiou cegamente em quem não demorou muito para mostrar que não merecia tamanha confiança. Na maioria das vezes, preferiu sofrer calado, e seguir adiante. Queria, acima de tudo, fazer o máximo pela população – E, FEZ! 
Antonio Miguel Ferrari, o Loira, 59 anos, não se curvou diante das poderosas forças contrárias a um homem simples, humilde, com apenas o ensino fundamental, no comando de uma das prefeituras mais ricas do país. No dia 7 de outubro, ele deixará a chefia interina do governo municipal com a mesma essência que entrou. E, a imagem de um “Prefeito de Paulínia” batendo azulejo numa escola municipal, certamente, jamais será esquecida, até mesmo por aqueles que apontavam fins eleitoreiros em tudo o que era feito, por uma simples e lamentável razão: falta de capacidade e grandeza para reconhecer que ele só estava fazendo. 
Misael Marcelino da Silva
Mizael Marcelly
Foto: Arquivo/Correio Imagem

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