Correio Paulinense

Paulínia, 26 de julho de 2024
Prefeitos e Servidores: a cobiça pelo poder eleitoral da categoria trouxe abonos, mas também muitos prejuízos para ambos os lados

Última atualização em 21 de janeiro de 2018

Tudo começou com um abono de R$ 100,00 (cem reais), decretado por um baiano de Tanquinho, radicado em Paulínia, no segundo dos doze anos (não consecutivos) em que governou a cidade. O ano era 1994 e o prefeito Edson Moura (PMDB). Depois do primeiro, vieram mais quatro abonos (três de R$ 500,00 e um de R$ 300,00), entre 2001 e 2008. Exceto o primeiro, todos os abonos foram incorporados ao salário-base da categoria, elevando o menor salário da Prefeitura de R$ 543,82, em 2000, para R$ 2.343,82, em 2008. Além dos bônus, Moura ainda instituiu o 14º Salário em 1996. Assim, ele tornou-se o “pop star” dos servidores públicos municipais.
No entanto, enquanto o holerite do funcionalismo aumentava, as condições de trabalho em setores prioritários ficavam ainda mais precárias. Porém, em meio à euforia de mais dinheiro no final do mês, muitos seguiram trabalhando e atendendo a população como podiam e com o que tinham. Até a falta de um “plano de cargos, carreiras e vencimentos” parecia não importar tanto mais. À época (2008) da incorporação dos abonos mouristas, Valmor Amorim, então presidente da ONG Ama Paulínia, declarou: “É um desperdício distribuir aumento de salário sem análise. É preciso um plano de cargos e buscar a melhoria do serviço publico”. Hoje, muitos enxergam que ele estava certo. 
Em 2013, por meio do filho de Moura, Edson Moura Junior (PMDB), veio o sexto abono: mil reais, em quatro parcelas anuais, até 2016. Acostumados com os abonos “de uma vez só”, dados por Moura, muitos servidores deixaram o antigo Pavilhão de Eventos (hoje, símbolo de descaso com o dinheiro público) frustrados. Parou, por aí.
Pois bem, lá em 1994, Moura captou o poder eleitoral da categoria pública de Paulínia, e viu no abono salarial a forma precisa de conquistar o apoio maciço dos mais de 5 mil servidores, para ele ou para quem viesse a apoiar. Acertou na mosca, pois, graças aos servidores municipais, ele voltou ao poder em 2001, ficou até 2008 e ainda elegeu o filho, em 2012, após “comandar”, sem sair do conforto de sua mansão no elegante Taquaral, a greve de 2011, a maior da história do serviço público municipal e que derrubou o rival José Pavan Junior (PSDB).
Nem o fato de ter incorporado em maio de 2010, ou seja, um ano antes da greve, o último abono de R$ 300,00, concedido por Moura (PMDB), fez de Pavan (PSDB) o novo “queridinho” dos servidores.  Indignado, o ex-prefeito não abriu diálogo direto com a categoria e acabou enfrentando os piores 64 dias de sua carreira político-administrativa.  A categoria revindicava  reajuste salarial, aumento do auxílio alimentação, plano de saúde e mudança da data-base, ou seja, tudo o que na era Moura (2001/2008) foi abafado pelos sucessivos abonos. 
Não conseguiram nada de Pavan, ainda tiveram os dias parados descontados, mas deram o troco nas urnas. Embora tenha readequado o período de férias, instituído a data-base e assinado alguns outros benefícios, Pavan deixou o governo, em 2016, com a fama de vilão entre muitos servidores.
Depois de Moura pai, Moura Filho e Pavan, veio Dixon Carvalho e, outra vez, o voto da categoria municipal passou a valer mais do que ouro. O então candidato a Prefeito conquistou a simpatia de importante parte dos servidores, prometendo, entre outras coisas, pagar os dias parados em 2011, reajustar benefícios (vale alimentação e vale transporte) e, principalmente, instituir o tão esperado Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), que nem o “bondoso”  Moura instituiu e Pavan tentou, mas não conseguiu. Após discutir o ano passado quase inteiro com a categoria, Dixon (PP) enviou o PCCV para a Câmara, que aprovou no dia 5 de dezembro e o prefeito sancionou (sem vetos) dia 28 do mesmo mês. 
2018 chegou e no décimo oitavo dia do ano novo, a categoria decide entrar em estado de greve, porque, apesar de vigente,  o tão sonhado PCCV, na prática, ainda não saiu do papel.  A administração Dixon (PP) precisa de pelo menos seis meses para operacionalizar o PCCV (Quadro Geral e Magistério), mas o Sindicato entende que o prazo não é plausível e a categoria não pode ser prejudicada pela ingerência do governo municipal.  Caso o impasse entre governo e sindicato não seja resolvido até 28 de fevereiro, o município pode ser penalizado, outra vez, com uma paralisação geral nos serviços públicos municipais. 
Pela experiência traumática de 2011, talvez, uma eventual nova greve geral não tenha tanta adesão, mas, a mínima que for, sem sombra de dúvida, prejudicará a população.  De um lado, um governo que não se preparou para executar o PCCV e, do outro, uma categoria sem paciência para esperar mais um pouco pela execução efetiva da conquista histórica. E, no meio deles, para variar, O POVO.

Fotos: Reprodução/Interne

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