Correio Paulinense

Paulínia, 26 de julho de 2024
Por que Imunometabolismo interfere na obesidade? Por Abdon Murad Júnior

Última atualização em 2 de junho de 2013

Pessoas que possuem obesidade tem um depósito de excesso de gordura que prejudica a saúde. E o IMC é um dos parâmetros usados para diagnosticar se o indivíduo tem ou não excesso de peso ou obesidade.
A obesidade é uma doença multifatorial. Ou seja: Os fatores genéticos, metabólicos, sociais, psicológicos e ambientais estão envolvidos.
De acordo com o Dr. Abdon Murad Jr., ele diz: “Quem sofre dessa doença acredita que remédio pode não ser a solução, que a cirurgia bariátrica, ou soluções mais clínicas não são necessárias. Então, dificilmente essa pessoa vai buscar ajuda médica”.
Mas você sabia que a integração entre metabolismo e imunologia, são duas disciplinas historicamente distintas? Mas que fez surgir nos últimos anos uma novíssima área na fronteira do conhecimento: o imunometabolismo.
Mas o que é imunometabolismo?
É o sistema imunológico e metabolismo celular que interagem constantemente por meio de proteínas imunomoduladoras, denominadas citocinas, a fim de manter a dinâmica e a comunicação entre os sistemas sendo, na atualidade, amplamente difundido nas diversas áreas do conhecimento, principalmente no campo da saúde, como Imunometabolismo. 
As principais doenças do século 21 caracterizam-se por apresentar processos inflamatórios bem definidos os quais favorecem o agravamento da doença e a instalação de comorbidades associadas à alteração metabólica. 
Em linhas gerais, a resposta inflamatória está associada a dieta inadequada e sedentarismo, alterando a dinâmica metabólica entre citocinas, ácidos graxos e endotoxina e ativando, assim, fatores de transcrição gênica, como o NF-kB. 
Por outro lado, a prática regular de exercício físico é amplamente recomendada como potente ferramenta na prevenção e tratamento de distúrbios metabólicos em virtude de seu poder anti-inflamatório e anti-aterogênico por meio da produção de miocinas advindas do músculo-esquelético e com atuação anti-inflamatória, como a IL-6, provenientes dos estímulos gerados pela contração muscular, e ativação de proteínas e fatores de transcrição gênica, como o PPAR. 
Desta forma, o objetivo da presente revisão é contextualizar e difundir os principais conceitos de uma emergente área do conhecimento, o Imunometabolismo, caracterizando sua função e atuação nos campos da doença e da saúde por meio da prática do exercício físico.
O comportamento sedentário e os maus hábitos alimentares estão associados com o desenvolvimento da inflamação crônica de baixo grau, a qual é um processo metabólico característico de diversas doenças crônicas degenerativas e/ou não transmissíveis.
A saúde do organismo é constantemente assegurada pela fundamental interação entre sistema imunológico e processos metabólicos, onde as células imunológicas compõem uma importante linha de defesa contra agentes estressores e, frente à resposta imunológica, significantes alterações no metabolismo celular ocorrem para o reestabelecimento da homeostase corporal. 
A partir destas relações, deu-se o termo Imunometabolismo, que pode ser definido como um crosstalk constante entre o sistema imunológico e a atuação do metabolismo celular.
Em 2011, em um artigo de revisão, teve-se a primeira menção do termo Imunometabolismo por Mathis e Shoelson, evidenciando a necessidade de investigações acerca da interação entre imunologia e metabolismo no contexto, neste caso, da obesidade, tendo em vista que esta doença afeta a resposta imunológica em virtude do desenvolvimento e instalação da inflamação crônica de baixo grau provocando significantes alterações metabólicas.
Conceitualmente, a inflamação crônica de baixo grau corresponde ao aumento de duas a quatro vezes das concentrações séricas basais de mediadores inflamatórios que atuam como preditores de mortalidade
O crescente interesse pela área de imunometabolismo vem sendo alimentado pela epidemia global de obesidade e pelo achado recente de que esta doença afeta o sistema imunológico e promove a inflamação.
O que sabemos hoje é que mais da metade da população brasileira está com sobrepeso, o que é muita coisa, e que mais de 20% dessas pessoas estão obesas, ou seja, com índice de massa corporal (IMC) acima de 30. 
Nosso país possui um quadro comparável ao dos Estados Unidos e de outros países desenvolvidos, sendo que a China também já apresenta índices bem altos para obesidade e diabetes.
Terapias existentes são relativamente eficazes, mas durante muito tempo a parte imunológica acabou sendo negligenciada. 
Por exemplo, quando o tecido adiposo em uma pessoa obesa se expande, pensamos apenas em gordura; ocorre que as células imunes também se expandem e podem representar mais de 50% do tecido. 
Então, nesse caso, o obeso possui mais células imunológicas do que adipócitos, que são as células do tecido adiposo que acumulam a gordura. E ainda entendemos muito pouco sobre como o sistema imune modula esta expansão (inflamação) que acontece na obesidade.
Abdon Murad Jr. diz: “A modulação de macrófagos ou de linfócitos, pode, por exemplo, ter influências para a obesidade e a resistência à insulina, ou seja, diabetes tipo 2. Onde será possível chegar a novas terapias.”
As terapias de hoje atuam principalmente nos adipócitos, ficando esquecidos os 50% de outras células ali presentes.
“Se temos uma população com sobrepeso, atingir uma glicemia acima de 120 não é muito mais complicado.” Abdon Júnior.
Uma percentagem dessas pessoas tende a se tornar diabética em algum momento, fazendo crescer o número de doentes, sobretudo de diabetes infantil.
Uma contribuição é de que a obesidade leva a níveis aumentados de leptina, um hormônio associado ao consumo alimentar e à maior propensão de rejeição de órgãos por transplantados. 
É assim que acaba gerando o ciclo. “O obeso se torna resistente à leptina, cuja função é inibir o apetite, e passa a comer cada vez mais.” Comenta Abdon Murad Jr.
Conquanto, a rejeição não se deve necessariamente à obesidade, e sim aos níveis elevados deste hormônio no sangue.
Em nosso sangue temos um responsável por transportar a vitamina A para os diferentes tecidos e que, na obesidade, ele está aumentado. 
O fator aumentado induz ao quadro de resistência à insulina encontrado em pessoas com diabetes tipo 2. Demonstrando que essa proteína ativa os macrófagos residentes no tecido adiposo fazendo com que iniciem um processo inflamatório que agrava o quadro da doença.
Os lipídeos, em si, têm potencial para se transformar em medicamento, e seguros, pois são produzidos em nosso próprio corpo. 
Então é possível oferecer lipídeos como suplemento oral para pacientes com diabetes. Mas há ainda o potencial maior nas vias bioquímicas em células imunes que desconhecemos e que poderiam facilmente ser alvos terapêuticos. 
A partir do momento em que souber sua necessidade, poderá ser pesquisado diretamente com a intenção de intervir nessas vias e levar a uma melhora do quadro inflamatório do paciente.

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