Correio Paulinense

Paulínia, 26 de julho de 2024
Moura promete empregar moradores de rua se a esposa for eleita

Última atualização em 29 de julho de 2019

Impedido pela Lei da Ficha Limpa de disputar ou exercer cargos públicos, o ex-prefeito de Paulínia Edson Moura (MDB) está em plena campanha para tentar transformar a atual esposa, Daiane Cristina da Silva, conhecida como Nani Moura (MDB),  na primeira prefeita da cidade. Neste domingo (28), Moura comandou a convenção emedebista que confirmou Nani como candidata a prefeita do partido, e Cícero Brito, atual secretário municipal de Segurança Pública, candidato a vice-prefeito – ele deve deixar a pasta hoje (29).
Em suas andanças políticas pela cidade, Moura tem participado de vários eventos, visitado muitos moradores e feito reuniões em diversos locais, não necessariamente acompanhado da mulher candidata. Uma das reuniões de Moura, sem a presença da esposa candidata, aconteceu quinta-feira (25) no Ginásio de Esportes “Vicente Amatte”.
De acordo com Rafael Souza, Moura foi espontaneamente ao ginásio conhecer o projeto social “Albergue Emergencial”, criado para proteger moradores de rua das baixas temperaturas do inverno. A inciativa de Souza recebeu o apoio da Prefeitura Municipal, que autorizou a utilização do “Vicente Amatte” como alojamento provisório para pessoas nesta situação.  Segundo Souza, atualmente, vinte e seis homens e três mulheres estão dormindo no ginásio municipal.
Uma das pessoas presentes na noite em que Moura esteve no ginásio gravou parte da conversa do ex-prefeito e o vídeo está circulando nas redes sociais.  O Correio baixou o vídeo e analisou as falas de Moura.

Aparentemente preocupado com a população de rua do município, o emedebista promete resolver o problema, caso a sua esposa seja eleita prefeita de Paulínia. “Daqui a quase 40 dias deverá ter eleição no município e, caso a gente, seja minha esposa a prefeita da cidade, imediatamente nós vamos tomar uma atitude para resolver não só o problema deles (dos moradores de rua abrigados no ginásio), dos 200 que está na cidade”, disse ele.

Segundo Moura diz no vídeo, os moradores de rua cuidarão dos prédios públicos municipais. De acordo com ele, a contratação seria por meio de uma entidade social. “Vou criar uma situação com lei, com lei, para que eles sejam os mantenedores dos edifícios da prefeitura”, promete ao pastor Ricardo Mendes, da Associação Leão da Tribo de Judá, presente no encontro.  “Glória a Deus”, comemora o pastor. “Quem é pintor vai pintar, quem é eletricista vai resolver o problema da eletricidade”, complementa Moura.
Agindo como se fosse ele – e não a mulher – o candidato e possível futuro prefeito da cidade, o ex-prefeito diz que sua ideia  precisará de “condição jurídica”, e explica o motivo: “Porque eu não posso, como governo, não posso pegá-los individualmente pra fazer isso”. Moura explica ainda como pretende criar a “situação legal” para cumprir a promessa.  “A gente (ele os responsáveis pelo projeto “Albergue Emergencial”) senta, aí, eu bolo um projetinho rápido com vocês para que a gente tome essa atitude e a gente resolve o problema de todos que estão na rua”. Ele não explicou se a possível contratação de moradores de rua será feita diretamente pela prefeitura, por meio de Decreto, ou através de projeto de lei votado pela Câmara de Vereadores. 
O vídeo termina com Moura garantindo que os compromissos assumidos serão cumpridos. “Tudo isso, com certeza absoluta, minha esposa estando no governo, nós vamos tomar a direção e voltar ao que era, pra gente poder salvar essas vidas”, concluiu. 

Curiosidade

No começo da gravação, um homem diz alguma coisa para a pessoa que está gravando pelo celular e, em seguida, faz um sinal de negativo para ela. Enquanto Moura fala, o homem olha quatro vezes na direção dela, até que, novamente, se aproxima e, aparentemente, mexe no aparelho, encerrando a gravação.
Contradição
Em 2014, quando Edson Moura governou a cidade em conjunto com o filho Edson Moura Junior (MDB), as verbas destinadas para entidades sociais do município foram cortadas drasticamente. Uma das instituições atingidas foi o Centro Social Lar São Francisco de Assis, uma casa de passagem que, à época, dava abrigo provisório e alimentação para aproximadamente 150 moradores de rua, além de encaminhar para tratamento médico aqueles que precisavam. 
Os “dois prefeitos” reduziram de R$ 300 mil para R$ 23 mil o valor anual repassado pela prefeitura ao centro social,  que acumulou dívidas e acabou fechando as portas. “Depois de um tempo do corte, o fechamento foi inevitável, porque não tínhamos como funcionar apenas com voluntários. Até hoje pago dívidas trabalhistas do meu bolso”, afirma Jaime Lacerda, fundador da entidade. CACO (fechado), AIJ (fechada), AUPACC, CASA DO MENOR e APAE (que quase fechou) também foram alvos da medida adotada pelos ex-prefeitos.
Antecedente eleitoral
Em 2012, com base na Lei da Ficha Limpa, a Justiça Eleitoral negou o registro de candidatura de Edson Moura, que pretendia governar a cidade pela quarta vez. Como a legislação permite que candidatos “sub judice”, ou seja, com recursos judiciais pendentes, continuem fazendo campanha, Moura manteve seu nome na disputa até a véspera da eleição que, naquele ano, ocorreu em 7 de outubro. 
No início da noite de sábado (6), ele renunciou à candidatura e colocou em seu lugar, o filho Edson Moura Junior (MDB), que venceu a disputa, com 41,01% dos votos válidos.  Entretanto, por conta da jogada “Vote em 1 e leve 2” arquitetada pelo pai, Moura Junior teve o registro de candidato indeferido pela Justiça Eleitoral, dezenove dias após ser eleito. O segundo colocado, José Pavan Junior, à época no PSB, assumiu a Prefeitura.
Em maio de 2013, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) derrubou a decisão que indeferiu o registro do emedebista. Os ministros entenderam que, quando substituiu o pai na disputa, Moura Junior era elegível, ou seja, não tinha impedimentos legais para ser candidato. Ele, então, assumiu a Prefeitura de Paulínia em julho do mesmo ano. 
Superada a questão do registro, faltava a Justiça Eleitoral decidir sobre a legalidade da substituição do então candidato Moura poucas horas antes da eleição de 2012.  Moura Junior recorreu ao TSE para continuar no cargo até que essa questão fosse julgada, mas, em fevereiro de 2015, a então ministra da corte Luciana Lóssio negou o pedido de liminar. O então prefeito deixou o cargo, José Pavan Junior reassumiu a prefeitura e terminou o mandato. 
Em outubro do mesmo ano, o TSE concluiu que Moura manobrou para fraudar a eleição. Por conta disso, além de perder o cargo, o filho dele perdeu também os direitos políticos até 2020. Ou seja, entrou elegível e saiu inelegível.  

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