Correio Paulinense

Paulínia, 26 de julho de 2024
Há 10 anos, ONG da cidade começava a doar amor em forma de brinquedos para o Brasil e o mundo

Última atualização em 24 de novembro de 2023

“Tecendo sonhos com as mãos e com os joelhos, transformações”: a biografia de apresentação nas redes sociais define, literalmente, a essência do grupo Joelhos de Pano  – Foto: Elisama Silva


Mizael Marcelly
Remetente: ONG Joelhos de Pano. Destinatários: milhares de meninas e meninos no Brasil e em mais de 12 países. Produto: amor e solidariedade em forma de brinquedos de pano, fabricados, artesanalmente, por 24 voluntárias da Organização Não Governamental que celebrou 10 anos dia 21 do mês passado.

Criadora da ONG ao lado de Cibele Renata Montagner Siqueira, a jornalista Elisandra Bueno conta que a Joelhos de Pano sempre funcionou em uma escola de corte e costura na Vila Bressani, fundada 12 anos atrás pelo pai dela, o saudoso Antônio Carlos da Silva. “Ele emprestou as segundas-feiras para o projeto e foi nosso grande incentivador”, comenta emocionada.

Embora não seja vinculado a nenhuma religião específica, o nome do projeto, segundo a jornalista, remete à oração. “Temos o propósito também de interceder pelas crianças, orar umas pelas outras em todos os encontros. No momento do café, damos as mãos e perguntamos os pedidos de oração para orarmos juntas. O projeto não tem vínculo religioso, mas temos nossos princípios e respeitamos a fé de cada um”, explica ela.

Paulínia, Brasil e mundo afora

De 2013 para cá, segundo Elisandra, mais de 5 mil brinquedos, entre bonecas e bichinhos, voaram para várias cidades brasileiras e estrangeiras. “Levamos seis meses para confeccionar nossa primeira produção: 25 bonecas e 25 dinossauros. Hoje, fazemos 50 em um mês”, diz ela, em tom de comemoração, e acrescenta: “A produção depende muito da época. Produzimos mais em meses que antecedem datas festivas como o Dia das Crianças e Natal”

Este ano, as bonecas da Joelhos de Pano já desembarcaram na Amazônia, indo direto para os braços de mais de 200 meninas ribeirinhas; em um orfanato de Mogi-Guaçu (SP); e em Pacaraima (RR), para crianças venezuelanas refugiadas no município conhecido como o “Polo Norte” de Roraima. “E já estamos produzindo mais duas centenas de bonecas para alegrar o Natal de crianças em Salvador”, adiantou a voluntária jornalista.

Distantes milhares de quilômetros da paulinense Vila Bressani, países do continente africano como o Essuatini (antigo Suazilândia), África do Sul e Marrocos, além de Síria, Índia, Peru, entre outros, também já receberam brinquedos da Joelhos de Pano. “Foram mais de 12 países, incluindo alguns acampamentos que acolhem refugiados, como na Síria, por exemplo”, conta Elisandra.

Versões, custos e essência

Em 2019, quando completou seis anos e duas mil bonecas doadas, a Joelhos de Pano foi tema de uma matéria espetacular do jornalista Fernando Evans, para o portal G1 Campinas. Na ocasião, Elisandra Bueno destacou algumas versões das bonecas produzidas por ela e as outras meninas da ONG. “Para a África, fazemos de acordo com tradições locais, tipos de tecido. Também já fizemos versões com bandana para entregar a crianças em tratamento contra o câncer e agora criamos uma com vitiligo”, contou.

A jornalista explicou ainda que, além de doar, a ONG também vende brinquedos para se autofinanciar. “A cada venda, outro produto é doado e o dinheiro serve para a compra de insumos. Chegamos a 2 mil bonecas doadas, mas gostaria que fossem mais. Para alguns destinos, o envio é caríssimo. Na última doação para fora do país, gastamos mais de R$ 2 mil com 100 brinquedos”, relatou ao jornalista.

Cibele Renata Montagner Siqueira revelou que no início do projeto ela e Elisandra não sabiam como fazer as bonecas, mas que existia a vontade de ajudar. “Não tínhamos habilidade nenhuma, fomos fazer curso. Ver hoje como está… não imaginava que teria esse alcance, com todas as voluntárias. Até as bonecas mudaram. As primeiras não eram tão bonitinhas como as de hoje”, contou ela, sorrindo.

Ao Correio, Elisandra concluiu falando sobre as parceiras voluntárias e a essência do grupo. “Elas são muito dedicadas e atenciosas. Nossos encontros são regados a compartilhamentos, escuta, acolhimento…são mulheres fortalecendo mulheres. De verdade, eu achava que a missão do Joelhos eram as crianças, mas posso garantir que a alegria delas é apenas o resultado de muito lapidar corações aqui. Não escolhemos essa missão, ela nos escolheu e me sinto muito honrada por fazer parte disso”.

Serviço
Para ajudar, chame a Joelho de Panos pelo WhatsApp (19) 99129.8081 ou pelo Instagram: @joelhosdepano

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