Correio Paulinense

Paulínia, 26 de julho de 2024
EXTORSÃO TENTADA: Prefeito deixou passar chance de mostrar o quanto é probo e ilibado?

Última atualização em 26 de novembro de 2017

Em vez do clima, geralmente, pesado de uma delegacia de polícia, o prefeito de Paulínia, Dixon Carvalho (PP),  preferiu o não menos pesado , por outros fatores, porém, mais aconchegante, ambiente de seu gabinete, no andar superior do Paço Municipal, para relatar ao delegado Rodrigo Luis Galazzo, titular da DP Civil da cidade, que estaria sendo vítima de extorsão antes mesmo de assumir o cargo, dia 1 de janeiro de 2017.
O depoimento do Chefe do Executivo Municipal , ao delegado Galazzo, me lembrou os discursos “sem pé nem cabeça” de um dos vereadores citados por ele. O caso veio à tona nesta semana, quando as pessoas supostamente envolvidas , direta ou indiretamente, foram intimadas para esclarecimentos na Primeira Delegacia Seccional de Polícia de Campinas, que assumiu as investigações para apurar a veracidade do crime declarado e, claro, os possíveis autores.
Autoria e possíveis beneficiados.  Dixon (PP) começou contando à polícia que ainda não havia “sentado na cadeira”, quando passou a ser procurado “indiretamente”  por “pessoas” exigindo “vantagens indevidas”, ou seja, “propina”, em “troca de apoio político”. A interlocução, entre ele (Dixon) e as tais “pessoas” , segundo o prefeito, era feita pelo Vice dele, Sandro Caprino (PRB).  Na sequência, o depoente Dixon (PP) dá “nomes aos bois”, ou seja, às tais “pessoas”, bem como, revela o suposto “objeto” da suposta tentativa de extorsão, já que o crime, segundo a própria “vítima”, não chegou a ser consumado.
Ao contrário de qualquer vítima de extorsão, que registra em áudio ou vídeo seu extorquidor em ação e entrega à polícia no ato da denúncia, Dixon (PP) citou os vereadores Kiko Meschiati (PRB), Tiguila Paes (PPS), Xandynho Ferrari (PSD), Marcelo D2 (PROS), Manoel Filhos da Fruta (PCdoB) e Zé Coco (PV) como os supostos beneficiários da suposta extorsão tentada, sem apresentar uma prova sequer do envolvimento, direto ou indireto, dos edis, com os quais Dixon (PP), indiretamente, confessa no depoimento nunca ter tratado de qualquer  “vantagem indevida”, em troca de apoio político. E mais, mesmo afirmando que a suposta tentativa de extorsão aconteceu diversas vezes, ele também não apresentou nada que comprove Caprino (PRB) como autor da suposta negociata. E mais, em momento algum do depoimento o prefeito cita valores.
O objeto da extorsão. Seria o atual biênio (2017/2018) da Presidência da Câmara, disputado dia 1 de janeiro por Du Cazellato (PSDB) e Kiko Meschiati (PRB), o vereador mais bem votado na eleição passada.  Segundo Dixon (PP) disse ao delegado Galazzo, como Caprino (PR), à época da suposta extorsão, era o Presidente do Legislativo e apoiava o colega de partido Kiko para sucedê-lo no cargo, o vice-prefeito teria alegado que Kiko só seria eleito Presidente se Dixon (PP) pagasse a “vantagem indevida”, aparentemente, aos seis vereadores citados, incluindo o próprio Kiko.
Tem coisa muito errada nesta história. Primeiro: quer dizer que Kiko só votaria nele próprio, para Presidente, se recebesse alguma vantagem financeira? Segundo: como Kiko seria eleito para o cargo com apenas seis votos, se o Presidente da Câmara é eleito por, no mínimo, oito votos (maioria simples)? Não faz sentido. Já que, no primeiro momento (o segundo momento, você vai saber mais adiante), a suposta extorsão relatada por Dixon (PP)  visava garantir a eleição de Kiko para a Presidência da Câmara, o número de vereadores à receber dinheiro, por isso, teria que ser oito, no mínimo, e não seis. Tanto é que, Kiko (PRB) perdeu a disputa para Du Cazellato (PSDB) por 6 votos a 9. 
Terceiro: por que Dixon (PP) levou meses para informar o caso à polícia e, quando o fez, não apresentou nenhuma prova, embora, considerando suas declarações ao delegado,  tivesse tido tempo e oportunidades suficientes para filmar ou gravar a suposta extorsão, entregar o material à polícia e mandar seus supostos extorquidores para a cadeia?
Consta no inquérito da Polícia Civil que, no dia 13 de abril o delegado Galazzo determinou apuração cabal da extorsão tentada, denunciada por Dixon (PP) no dia 4 de março, data do “Termo de Declarações” assinado pelo prefeito, delegado e escrivão de polícia. Pois bem, seguindo no depoimento do prefeito, Dixon (PP) contou à polícia que, além de não ceder à extorsão, teria “tomado a frente da conversa com as tais pessoas (os seis vereadores citados por ele), obtendo apoio de todos (exceto Tiguila e Kiko), sem pagamento de qualquer vantagem”. 
Apoio pra quê? Para eleger Kiko Presidente da Câmara, em janeiro? Não faz sentido, pois, os vereadores Marcelo D2 (PROS), Manoel Filhos da Fruta (PCdoB), Xandynho Ferrari ( PSD), Zé Coco (PV) e Tiguila Paes (PPS) votaram em Kiko (PRB) para Presidente, sem receber nenhuma “vantagem indevida” para isso, como o próprio prefeito afirmou, em depoimento, que não pagou, e, por fim, Kiko (PRB) perdeu a disputa porque não teve o número de votos suficientes para isso.   
Por derradeiro, segundo a polícia, Dixon (PP) afirmou que “para receber apoio político dos atuais vereadores” e, consequentemente, conseguir governar a cidade, estava sendo “impelido (obrigado) a pagar (aparentemente, propina) determinados vereadores, ou contratar empresas que repassariam valores financeiros aos edis, caso contrário, ele seria alvo de acusações infundadas na Câmara”. Bombástico
Mesmo, reafirmando no final do depoimento que, em nenhum momento, pagou qualquer “vantagem indevida” a quem quer que seja, com a declaração acima, o prefeito acabou colocando sob suspeita a voluntariedade do apoio que ele recebe de 13 (treze) dos 15 (quinze) vereadores da Câmara Municipal, pois deu a entender que, na verdade, os edis aliados receberiam algum valor para apoiá-lo.  
Então, afinal, qual o real “objeto” da suposta extorsão denunciada por Dixon (PP): a eleição de Kiko para a Presidência da Câmara, ocorrida em janeiro, ou o Apoio Político da maioria absoluta da Câmara?; Quem teria recebido benefícios financeiros, caso a extorsão tivesse sido consumada: os cinco vereadores que votaram em Kiko para Presidente da Câmara, ou os 13 vereadores que apoiam o governo Dixon (PP)?
No dia 23 do mês passado, oito meses após o depoimento de Dixon (PP) ao delegado Galazzo, o presidente da Câmara, Du Cazellato, foi ouvido na Seccional de Campinas, como testemunha no inquérito que apura a suposta extorsão. O atual Chefe do Legislativo Municipal declarou total desconhecimento dos fatos, relatados pelo Chefe do Poder Executivo. “Não tem (Du Cazellato) conhecimento de quaisquer tentativas de pagamento relacionadas à compra de votos dos vereadores para a eleição de Kiko Meschiati como Presidente da Câmara Municipal”, consta no depoimento do presidente.
O presidente confirmou que Dixon (PP) tem o apoio de treze vereadores, incluindo o próprio, mas negou a existência de qualquer esquema de pagamento indevido (ou exigência)  a parlamentares, para que o prefeito possa exercer seu mandado sem problemas. “O atual Prefeito não tem tido dificuldades na Câmara Municipal para aprovação de eventuais leis ou projetos a serem confirmados para a melhor e devida administração municipal […]
Pois é,  ao contrário do que aconteceu neste mês de novembro (dia 9), quando foi levado coercitivamente pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) para depor no Ministério Público (MP) de Campinas, no caso que apura fraudes em contratos de lixo, e preferiu ficar calado diante dos Promotores, em março Dixon (PP) chamou o delegado Rodrigo Luis Galazzo para contar “tudo e mais um pouco” sobre a suposta tentativa de extorsão contra ele.
Envolveu o Vice-Prefeito e Vereadores, tanto aliados como de oposição;  citou que empresários, que ele mesmo disse à polícia não saber quem são, repassariam propina aos seus supostos extorquidores, caso tivesse cedido à extorsão em troca de apoio político na Câmara; primeiro disse que não pagou, depois deu a entender que estava sendo obrigado a pagar e, por fim, novamente, disse que não pagou nada a ninguém.
Os dois lados desta “estória”. De um, a denúncia repleta de contradições e pontos obscuros, que certamente estão sendo investigados pela Polícia Civil e, depois, serão relatados e encaminhados à Justiça, para a abertura ou não do devido processo legal. Do outro, o amadorismo incomum do autor, que, em momento algum, pensou em produzir uma provinha sequer contra seus extorquidores. 
Por ser a maior autoridade da cidade, vítima da suposta extorsão e, principalmente, o caso envolver proposta de corrupção com dinheiro público, Dixon (PP) deveria ter informado o crime à polícia quando ele estava acontecendo, e não quatro, cinco meses depois dos fatos. Certamente, a polícia armaria uma operação para pegar os supostos extorquidores em flagrante, tudo teria sido resolvido, e, Dixon (PP) provado que é o político probo e ilibado que garante ser. 

Foto: Reprodução/Internet

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