Correio Paulinense

Paulínia, 14 de outubro de 2024
EXCLUSIVO! “Eu disse que era abuso, mas ele (Edson Moura) disse que era abuso que ele queria”, revelou Larissa

Última atualização em 12 de junho de 2013

[imagem] A principal personagem do vídeo no qual o ex-prefeito Edson Moura aparece dando dinheiro para várias pessoas recebe nossa reportagem e conta os principais detalhes da história que domina as mesas redondas da cidade, desde o dia 28  (de setembro de 2012) passado.
Por motivos de segurança, Larissa Tauanne Macedo está fora da cidade e já prestou depoimento ao Ministério Público de São Paulo. Além do MP estadual, a Polícia Civil de Paulínia abriu inquérito para apurar as suspeitas de compra de votos e assédio sexual contra o ex-prefeito e candidato a Prefeitura pela coligação “Sorria Paulínia”. Leia a íntegra da matéria!
Mizael Marcelly – Você e outras pessoas foram flagradas dentro de um quarto com o candidato a prefeito Edson Moura. Em quais circunstâncias isso ocorreu?
Larissa – Foi depois de uma reunião política, no Bom Retiro, para a qual fui convidada por uma amiga. 
MM – Reunião política de quem?
Larissa – De Edson Moura.
MM – Além do ex-prefeito, outros políticos participaram desta reunião?
Larissa – Sim. Bonavita (o candidato a vice de Moura), Juninho (Juninho Moura, filho do ex-prefeito), e Siméia (a vereadora Siméia Zanon – PSDC, candidata a reeleição). 
MM – Quantas pessoas participaram e onde ocorreu a reunião?
Larissa – A reunião aconteceu no quintal da casa, com mais ou menos trinta pessoas. 
MM – O que aconteceu depois que a reunião terminou?
Larissa – Minha amiga me disse para esperar que ele iria nos atender, assim como atendeu também outras pessoas.
MM – Mas você sabia que o atendimento seria em um dos quartos da casa?
Larissa – Não. Na verdade, a reunião era pra ter sido na casa do Fábio, mas como não ia caber todo mundo lá, ele resolveu fazer na casa da vizinha. 
MM – Além de você, várias outras pessoas entraram no quarto. Quem organizava a entrada das pessoas?
Larissa – Primeiro o Fábio colocou as pessoas mais chegadas dele, depois a vereadora Siméia colocou as outras pessoas. 
MM – O que aconteceu depois que o ex-prefeito Edson Moura abriu a porta do quarto e vocês ficaram a sós?
Larissa – Ele me cumprimentou, apertou como mostra o vídeo, e passou a língua no meu ouvido. Perguntou se eu estava trabalhando, disse que ficou impressionado comigo e que me colocaria como secretária dele. Depois ele me pediu um beijo  e eu disse que não, pois isso seria abuso.
 
MM – E ele?
Larissa – Ele me respondeu assim: “mas é abuso que eu quero”. 
MM – Mas pelas imagens ele primeiro tentou lhe beijar e você se esquivou.
Larissa – Primeiro ele tentou, mas como não conseguiu acabou pedindo e mais uma vez recusei. 
MM – As imagens também mostram você pegando algo dele.  O que ele te deu?
Larissa – Ele me deu R$ 500,00 em dinheiro.
MM – Mas ele te deu dinheiro por quê?
Larissa – Eu não pedi dinheiro para ele. Ele é conhecido por dar dinheiro pra todo mundo e então me deu.
MM – Ele não te pediu absolutamente nada em troca?
Larissa – Ele não ia ficar dando dinheiro a toa pra todo mundo, se não fosse em troca de apoio.
MM – Que tipo de apoio?
Larissa – Apoio pra candidatura dele, pra tá com ele politicamente. 
MM – O que mais vocês conversaram?
Larissa – Ele perguntou se eu fazia faculdade e respondi que não. Disse que gostaria de fazer advocacia ou medicina, ele elogiou as minhas escolhas e disse que me daria uma força e se eu quisesse poderíamos ter uma relação muito legal.
MM – Que tipo de “relação legal” seria essa? Um relacionamento extraconjugal?
Larissa – Pelas atitudes deles sim. 
MM – Quantos anos você tem?
Larissa – 18.
MM – E você teria um relacionamento com uma pessoa mais velha?
Larissa –  Não.
MM – Por quê?
Larissa – Porque não tem cabimento. As ideias e as mentalidades são outras. 
MM – Por que você foi depor sobre o caso no Ministério Público de São Paulo e não no de Paulínia?
Larissa – Porque não estava me sentindo segura na cidade. Desde que o caso veio à tona, carros estanhos começaram a rondar a minha casa e fiquei com medo, achando que ele poderia fazer alguma coisa comigo.
MM – Então você se sentiu ameaçada?
Larissa – Sim. Começaram a falar que eu teria feito o vídeo, junto com outra pessoa, e isso não é verdade. 
MM – Mas alguém te procurou após a divulgação do vídeo no YouTube?
Larissa – Sim. O comitê entrou em contato com a gente pedindo para nos encontrarmos com o advogado e o Sabará na casa da Madá, no Monte Alegre. Lá assistimos ao vídeo juntos e eles concluíram que o mais grave era o meu. Me sugeriram sair da cidade por um tempo que eles me apoiariam e disseram para eu não dar nenhuma entrevista e quem me perguntasse sobre o assunto era para negar tudo. Depois eles disseram que a única forma de concertar a situação era assinarmos um contrato de trabalho para a campanha.
MM – E a sua família como está reagindo a tudo isso?
Larissa – No começo eles ficaram apavorados, pois nunca havíamos vivido um caso parecido. Mas, agora estou em um lugar seguro, longe da cidade, minha família está resguardada e vamos aguardar o desenrolar dos fatos.
MM – E qual a lição que você está tirando de tudo isso?
Larissa – Nunca mais participo de reunião política nenhuma.
Foto: Fábio Gomes/CP Imagem

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