[imagem] Contagem regressiva para Edson Moura Júnior, 36 anos, ser diplomado e empossado o prefeito mais jovem da história de Paulínia. Certo? Certo pelo direito, errado porque não terá o poder da caneta. De fato, o prefeito será o seu velho e querido pai, Edson Moura, que encontrou no filho a garantia de retomar extraoficialmente o comando da cidade, sem correr o risco de ser apunhalado, como ele jura ter sido em 1997 e 2008. 

Peça-chave da estratégia usada pelo pai (a substituição de última hora, permitida por lei), Edson Moura Júnior sequer fez um pronunciamento oficial ao eleitorado paulinense, depois de ter se tornado candidato oficial, horas antes da eleição. Foi direto para as urnas e “ganhou” a eleição por uma pequena diferença de votos. “Ganhou”, mas só “levará” terça-feira, dia 16, nove meses e nove dias  depois de eleito.  Foi uma verdadeira novela, marcada pela cumplicidade entre “mocinho” e “vilão”.  Mas isso está prestes a virar águas passadas. O que importa agora é o que vai acontecer na cidade, a partir de terça-feira.

Por mais que venha afirmar o contrário, o quase prefeito Edson Moura Júnior só será o Chefe do Executivo Municipal em público – isso quando aparecer em público e sem o pai presente no público. De fato, o pai Edson Moura, que já foi três vezes, comandará tudo. “Enquanto Ju atende o povo, eu trabalho pra vocês”, afirmou Moura no comunicado da renúncia planejada bem antes do dia 06 de outubro passado, quando foi executada. Sendo assim, podemos concluir que Paulínia não terá “dois prefeitos”, mas sim “dois Vice-Prefeitos” – Moura Júnior e Bonavita?

Será quase impossível Moura Júnior demolir a imagem de “trampolim do pai”, construída antes e depois da eleição por eles próprios. Na entrevista que concederam à TV Correio, do Correio Popular (reveja abaixo), no dia seguinte à eleição, Moura respondeu a maioria das perguntas dirigidas ao filho. “Responde Ju”, disse ele, em um determinado momento da exclusiva. Quem sempre foi protagonista não aceita ser coadjuvante, nem do filho.  Daí o maior desafio do quase “prefeito de direito”: saber lidar com a vaidade do “prefeito de fato”.

“Quem esse moleque pensa que ele é? Ele acha que vai mandar na minha administração? Quem vai mandar sou eu, eu”. Foi assim que o então candidato Edson Moura reagiu depois que um então candidato a vereador de sua coligação, “Sorria Paulínia”, afirmou durante uma reunião de campanha que um amigo médico o ajudaria com projetos para a área da Saúde. Ou seja, Moura não gosta de Vereador que pensa. Para ele Vereador tem que aprovar os seus projetos, sem discutir – nada mais que isso. Será que ele vai deixar o filho pensar? O plano de governo registrado no TSE por Moura Júnior comprova que o pai já pensou tudo por ele. 

Na entrevista conjunta à TV Correio, o quase “prefeito de fato” (Moura pai) destacou o Projeto Magia do Cinema antes da Saúde, Educação e Segurança, que eles prometem deixar com padrão de primeiro mundo em 180 dias, após serem diplomados e empossados. Aliás, nos seus dois últimos mandatos oficiais (2001 a 2008), Moura deixou de investir dinheiro público em áreas importantíssimas para a população, justamente por conta de mais um de seus caprichos pessoais: transformar Paulínia na “Hollywood Brasileira”.  

Agora, através do filho, o sonho pode virar realidade, pois ele promete recomeçar internacionalizando o Festival de Cinema e reimplantando a Paulínia Films. Só estes dois projetos do quase novo governo municipal devem consumir acima de R$ 1 bilhão dos cofres públicos. Será que vai sobrar dinheiro para mais alguma coisa? Moura Júnior estará fadado a assinar todas as megalomanias do pai, sem reclamar e muito menos pensar nas eventuais consequências.