Correio Paulinense

Paulínia, 26 de julho de 2024
Cercado por todos os lados: Justiça (Cível e Eleitoral), PF, MP, Gaeco, Câmara e opinião pública

Última atualização em 9 de setembro de 2018

Após três campanhas perseguindo e não conseguindo realizar o sonho de ser Prefeito de Paulínia, sede da maior refinaria da Petrobras em capacidade de processamento de petróleo (434 mil barris/dia ou cerca de 20% de todo o refino no Brasil), Dixon Ronan Carvalho, finalmente, na quarta tentativa, levou, dia 1º de janeiro de 2017, a “coroa” tão cobiçada.
Foi uma vitória daquelas que lavam a alma. Antes de vencer o maior desafio (as urnas), teve que enfrentar uma acusação pesada de pedofilia, que provocou sua expulsão do PT, partido onde militou durante muitos anos e pelo qual disputou a Chefia do Poder Executivo Municipal em 2004, 2008 e 2012. Sem partido e ninguém querendo ser seu Vice, quase não conseguiu disputar, mais uma vez, a prefeitura da cidade que esbanja cifrões – R$ 1,5 bilhão de arrecadação anual. 
Após muitas portas na cara, finalmente, foi acolhido pelo PP (Partido Progressista), o atual Progressistas, e declarado candidato a prefeito na convenção municipal do partido dia 20 de julho, menos de três meses antes da eleição de 2016. Resolvida a falta de legenda, faltava encontrar o Vice dos sonhos: alguém com perfil e capacidade de somar e levá-lo ao topo. Tentou com o PPS, não deu. Com o Solidariedade, não deu. Com outras legendas, também não deu. Até que, o PRB abraçou o desafio e foi à luta, junto com ele.
A campanha foi pauleira, “loucura, loucura” (parafraseando o dono do Caldeirão global), afinal, além dele, outros seis candidatos queriam tomar posse da poderosíssima “Mont Blanc” pública paulinense. Algumas polêmicas, como supostos cheques sem fundos para cabos eleitorais e paradas no plantão policial para registros de queixas contra adversários, agitaram a campanha PP/PRB, mas nada que tirasse o candidato principal do eixo, ou mudasse o resultado colhido no final dos 45 dias da corrida oficial. 
Esbanjando humildade, ele começou a campanha de um jeito novo: parado em alguns pontos da Avenida José Paulino, cumprimentando eleitores e, claro, pedindo voto. Até então, a principal avenida do município havia recebido candidatos a prefeito somente durante os chamados arrastões, nunca um candidato sozinho, todo sorridente e apertando quase todas as mãos que via pela frente. “Começou bem”, foi o que todo mundo pensou.
A vitória nas urnas, mesmo que pela ínfima diferença de 559 votos, provou que a campanha “Gente do Bem” acertou mais do que errou. A partir de 2 de outubro, até quem não votou nele, torcia e esperava por um governo diferente, um governo realmente da mudança, como o próprio eleito pregou dia e noite, noite e dia, durante toda a campanha.
Não demorou muito, surgiu o primeiro sinal de que a cidade viveria mais um pesadelo, não um sonho de prefeito. Antes mesmo da posse, aquele que pregou e muita gente acreditou ser o administrador que Paulínia precisava, teve as contas de campanha rejeitadas pela Justiça Eleitoral. Motivo: R$ 681,5 mil, de origem desconhecida, injetados no caixa da campanha. Ele disse que o dinheiro era dele, mas a mesma Justiça Eleitoral, depois, descobriu que a bufunfa foi captada de forma ilícita, por meio de uma transação financeira fraudulenta, e cassou o mandato dele, e, por tabela, o do Vice-Prefeito também. 
Essas decisões da Justiça Eleitoral ocorreram entre dezembro de 2016 e setembro de 2017. Dia 15 do mês passado, a cassação proferida pelo juiz daqui foi confirmada pela unanimidade do TRE-SP, que está prestes a julgar os embargos declaratórios do prefeito e vice, cassados. Como os embargos não mudam a decisão, ambos devem deixar a Prefeitura após esse segundo julgamento na corte eleitoral paulista, exceto se conseguirem liminar (decisão provisória) que os mantenha nos cargos, até o a decisão final o TSE (Brasília). 
Mas, entre a rejeição das contas de campanha e a cassação em primeira e segunda instância eleitoral, a reputação do atual prefeito foi seriamente abalada por uma série de acusações graves, envolvendo corrupção ativa e passiva, enriquecimento ilícito, superfaturamento, direcionamento e fraudes em contratos de serviços públicos essenciais, entre outros escândalos que constrangeram a população.
Enquanto isso, a cidade não se mexia do lugar –  e assim continua. O atendimento na saúde e educação, por exemplo, que já estava ruim, piorou. No contexto geral, nada avançou (e nem avança) para melhor. E ainda por cima, jogando contra ele mesmo, o governo ensaiou promover cortes no transporte universitário e na bolsa de estudos, benefícios concedidos pela  da Prefeitura desde 2010. Foi bombardeado nas redes sociais e a única alternativa foi recuar.
Em menos de três meses no cargo, foi alvo das duas primeiras denúncias (da merenda e do lixo) de uma série de 10 apresentadas contra ele na Câmara Municipal, entre o ano passado e este. Livrou-se de 8 (oito) e responde por duas (suposta troca de favores com 13 vereadores e pedalada fiscal) que foram recebidas pela Câmara e apuradas por comissões processantes.
No final do ano passado teve a casa e o gabinete na Prefeitura visitados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), que cumpriu busca e apreensão sobre um suposto esquema de fraudes em contratos de lixo em Paulínia e outras cidades paulistas e mineiras. Ele, a primeira-dama, seu secretário-Chefe de Gabinete e vereadores foram levados coercitivamente para depor no Ministério Público de Campinas.
Em outra frente, a Polícia Federal, que também fez busca e apreensão na Prefeitura e no Pauliprev, afirma que mesmo antes de assumir o governo ele teria recebido R$ 250 mil para contratar, sem licitação, depois que virasse prefeito, a empresa Filadélfia Locação e Construção, para a coleta de lixo e limpeza urbana da cidade. Quem diz que a propina foi paga é a PF, mas que a Filadélfia foi contratada sem licitação, é fato.
Já o Ministério Público (MP) da cidade está convencido de que o contrato emergencial (sem licitação) da RC Nutry (merenda), autorizado por ele em 2017, foi ilegal e superfaturado. Além da cassação do mandato e dos direitos políticos do prefeito, o MP quer que ele, o secretário de Educação Luciano Ramalho, que solicitou a compra direta, e a RC Nutry sejam condenados a devolver aos cofres públicos mais de R$ 8 milhões de prejuízo.
Com o cerco cada vez mais fechado em torno dele, Dixon (Progressistas) culpa seus adversários políticos por tudo o que está passando, como se seus adversários tivessem assinado os contratos alvos do Gaeco e do MP; recebido a propina citada pela PF; injetado o dinheiro ilícito que a Justiça Eleitoral apontou na campanha dele; reprovado suas contas eleitorais; cassado seu mandato; levado ele, a esposa e pessoas de sua confiança, à força, para depor aos promotores do Gaeco; realizado buscas e apreensões em sua casa e no seu gabinete; mandado projetos para Câmara cortando benefícios dos estudantes; contratado a RC Nutry, a Corpus e a Filadélfia sem licitação; e o impedido de fazer, pelo menos, o básico pela cidade. Ora, quem é o Prefeito Municipal: ele ou seus adversários? Parafraseando Tadeu Schmidt: “QUE É ISSO RAPAZ?!” 
Nesses 19 (dezenove) meses de governo, Dixon nunca se comunicou de forma clara e objetiva com a população, nem mesmo para se defender das acusações que lhe pesam sobre os ombros. Todas as vezes que recorreu às redes sociais, os discursos foram vazios, confusos e recheados de promessas, que até agora não foram cumpridas. E, quando falou um pouco melhor, foi para “lavar roupa suja” com pessoas que, segundo ele, formam o grupo que querem derrubá-lo da Prefeitura. 
QUERER NÃO É PODER. Seja qual for o tamanho do adversário, ele só consegue atingir o objetivo com a cumplicidade de seu alvo. E por todo o exposto, Dixon, cujo governo amarga  índices estratosféricos de rejeição popular, se revelou não o prefeito dos sonhos, mas o cúmplice dos sonhos de qualquer adversário. 
Mizael Marcelly
Foto: Correio Imagem/Arquivo

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