Correio Paulinense

Paulínia, 26 de julho de 2024
ACHAM LINDO E NORMAL ROUBAR DINHEIRO DO PÚBLICO; FEIO E ANORMAL O PÚBLICO SER FELIZ DO JEITO QUE NASCE!?!

Última atualização em 17 de maio de 2015

[imagem] Década de 80, auge da minha adolescência (16, 17 anos), São Lourenço da Mata, Pernambuco. Ao entrar no ônibus da empresa Metropolitana, rumo a mais um dia de trabalho, em um escritório de advocacia, no centro da capital Recife, um rapaz me “saudou” em alto e bom som: “SUBIU O DEPÓSITO DE AIDS”.  “BOM DIA, PRA VOCÊ TAMBÉM”, respondi ao “gracejo”. A cútis branca do homem, que deveria ter no máximo 25 anos, ficou vermelha como pimenta malagueta – não sei se de vergonha ou de raiva, pela resposta inesperada.

Passei pela catraca e, como sempre fazia, me dirigi ao fundo do ônibus, seguido pelos olhares incrédulos dos outros passageiros, estupefatos com a minha reação, diante da covarde e baixa tentativa de provocação. Pensei comigo: “aqui é cinco estrelas, meu bem”. Sem sombras de dúvidas, a mais agressiva demonstração de preconceito à minha sexualidade, mas que, VERDADEIRAMENTE, não me abalou em absolutamente nada, pois era e continuo sendo o que sou, como nasci. Os anos foram se passando e provando que a AIDS não era uma “peste gay”, como pensavam milhões de babacas, inclusive o do ônibus, mas sim uma consequência da promiscuidade sexual, independentemente do sujeito ser hétero, homo ou bissexual.
Mas, se o tempo derrubou o mito de que a AIDS era uma exclusividade gay e que os praticantes do “sexo correto” estavam imunes à doença, por outro lado, demonstrações cruéis de preconceito, como a que sofri dentro do “Metropolitana”, ultrapassaram as fronteiras da verbalização e viraram práticas cruéis, ainda piores. Contrariando todas as expectativas que os chamados “tempos modernos” abririam mais as mentes das pessoas e derrubariam preconceitos, principalmente em relação aos homossexuais, milhares de pessoas passaram a ser alvejadas por tiros e pauladas, apenas por gostarem do mesmo sexo. Em pleno século XXI,  a homossexualidade ainda é criminalizada em 78 países – em cinco deles, punida com pena de morte, segundo relatório de uma entidade internacional, ligada aos direitos homossexuais.
Aqui, no Brasil, a luta é pela criminalização da homofobia, um mau defendido e incitado pelos chamados “políticos conservadores”, os famosos “senhores” da “boa moral” e dos “bons costumes”, cuja maioria é praticante de um “péssimo  e criminoso costume”: ROUBAR O DINHEIRO DO PÚBLICO. Matam milhares de crianças e idosos, roubando da saúde. Impedem o desenvolvimento do país, roubando da educação. Deixam o Estado refém do crime organizado, roubando da segurança. Fazem milhares de vítimas da fome, roubando dos programas sociais. Proliferam favelas, país afora, roubando da habitação. Envergonham a nossa Nação diante do mundo, com escândalos de corrupção, como o da Petrobras, e ainda se acham no direito de discriminarem quem não mata ou rouba, como eles – apenas são como vieram ao mundo. Uma pessoa não vira, nasce homossexual. Uma pessoa não nasce, vira ladrão
Não apenas neste 17 de maio, Dia Internacional contra a Homofobia, os famosos “senhores” da “boa moral” e “bons costumes”, que infestam os Poderes Executivo e Legislativo do Brasil e do Mundo, merecem a nossa completa indiferença, desprezo e pena. O anônimo dos anos 80, que me insultou na linha “São Lourenço/Recife”, não causou nenhum mal à minha vida. Já os famosos “senhores” da “boa moral” e “bons costumes”, dos atuais anos 2000,  que, inacreditavelmente, ACHAM LINDO E NORMAL ROUBAR DINHEIRO DO PÚBLICO, FEIO E ANORMAL AS PESSOAS SEREM FELIZES DO JEITO QUE NASCERAM, matam milhares de vidas, diariamente. E pior: legitimados pelos diplomas conferidos por nós mesmos, através do nosso voto – eis a questão!

Mizael Marcelly

Foto: Ilustração

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